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Writer's pictureKatherina Cordás

Silphium, a planta desaparecida

Escutamos falar o tempo todo de animais em extinção, mas o desaparecimento de plantas é algo raramente mencionado. Em menos de 300 anos, quase 600 espécies vegetais entraram em extinção e, aparentemente, essa taxa é 500 vezes maior por conta da influência humana. Pois é, algumas das suas plantas preferidas podem não existir mais em alguns séculos -esse foi o caso do Silphium, uma das especiarias favoritas do período clássico.


Cultivada na antiga cidade grega de Cyrene, hoje Shahat na Líbia, o Silphium desapareceu com o tempo. Iguaria cara, mais valiosa que ouro, era perfumada e extremamente saborosa. Dizem que Júlio César gostava tanto da planta que chegou a armazenar mais de 680kg no Tesouro Romano. Eternizada em poemas e canções romanas, o Silphium, segundo o poeta Sólon, em VI aC, dava sabor aos molhos e estava presente em quase todos os banquetes da época.


Theophrastus, sucessor de Aristóteles, escreveu em História das Plantas, de 310aC, que o Silphium tinha uma raiz grossa, servida fresca, picada e temperada com vinagre. Suas hastes eram longas, comidas cozidas ou assadas, com folhas que lembravam salsão. A nata, porém, estava na resina, encontrada na haste e na raiz. A resina da raiz era melhor: pura, translúcida e sólida. Já da haste, para poder ser exportada, era misturada com farinha e depois ralada sobre alimentos.


O Silphium também era usado como remédio -de mordida de cachorro a hemorroidas. Suas flores amareladas se tornavam perfumes e foram usadas também como um dos primeiros métodos anticoncepcionais da história. Dizem também que criadores de ovelhas na região alimentavam seus animais com a erva, tornando sua carne mais macia e saborosa.


Não se sabe ao certo porque a planta foi extinta. Mudanças no solo, no cultivo, no clima, ou pela cobiça dos homens que saturaram a espécie -existia até contrabando de Silphium. Os últimos vestígios da planta também são incertos: uns dizem que o imperador Nero foi um dos últimos a comê-la, outros, que Synesius, bispo de Cyrene, devorou a última planta no século V dC. Seja lá quem foi o último dos sortudos, o Silphium sumiu do mapa para sempre e deixou, nós, gourmets dos séculos seguintes, na eterna curiosidade





Nas fotos, antigas representações de Silphium, em vasos e moedas da época.

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