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Outdoors de memórias: trabalho do espanhol Manolo Mesa

Desde pequena gostava de colecionar louças (movida por um discurso romântico), para ir criando "meu enxoval". Tenho um jogo de 12 taças coupe lapidadas dos anos 30 que comprei em um "família vende tudo", uma licoreira azul com copinhos hexagonais herdados da minha avó, um jogo de chá da tarde - bule, jarrinha de leite, bandeja, boleira - todos em tons de rosa bebe com frisos dourados, feitos na Tchecoslováquia, comprados em um antiquário em Londres e trazidos para cá dentro da mala - maior trampo do mundo pra transportar. Apesar de tudo, até hoje, ainda não sinto que tenho maturidade para usar minhas louças (sim, no auge dos meus 33 anos ainda tenho medo de quebrá-las).


Louças antigas são goles de memórias, bocados de histórias, verdadeiras joias utilitárias. Objetos domésticos, familiares. E talvez seja pela intimidade inspirada pelos bules das avós e jarrinhas decoradas, que o trabalho do espanhol Manolo Mesa me chamou tanta atenção.


O artista escancara na esfera pública, em escala quase pornográfica, objetos extremamente privados: pinturas de jarras, bules e xícaras gigantes, criadas a partir dos utilitários encontrados na intimidade das casas de sua cidade e que ocupam fachadas enormes de prédios - verdadeiros outdoors de memórias.











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