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O retorno das comidas processadas

O retorno das comidas processadas: a gastronomia pandêmica aderiu a praticidade e reviveu um mercado em declínio. A busca por uma alimentação saudável, até então em ascensão, é cada vez mais substituída por refeições com máxima facilidade. Mas se o novo pedido mundial de comida é conforto, porque muitos equiparam suas cozinhas com pizzas congeladas, sopas enlatadas e pacotes de macarrão instantâneo? Conforto equivale a praticidade? Pelo visto sim. Uma pesquisa da Forbes mostrou um crescimento significativo em empresas de enlatados e de produtos processados (e ultraprocessados) desde o início do isolamento social no mundo. Empresas essas que, contra a onda mundial, aumentaram seu ritmo de trabalho para suprir a demanda. Nos EUA, por exemplo, as Sopas Campbell, feitas famosas por Andy Warhol, aumentaram suas vendas em 59% desde março. Claro, a resposta é óbvia: este tipo de comida dura muito mais que algo fresco e, talvez, nesse momento, conforto esteja muito atrelado a não precisar sair de casa, não precisar comprar mais comida e não temer que ela estrague. Conforto hoje equivale a durabilidade, a usabilidade e, principalmente, a segurança. Mas será que pós quarentena isso vai mudar? Vamos adotar hábitos práticos no lugar de nutritivos? Espero que não. O crescimento da busca por uma cozinha confortável pode sim estar atrelada a saúde e, inclusive, visando o momento atual, deveria. Diversos restaurantes tidos como de alta gastronomia substituíram seus menus conceituais por comidas afetivas, que trazem o carinho tão buscado nos dias de hoje, aliado ao uso de bons produtos. E mais, buscar afeto não significa também dar afeto? Suprir toda uma cadeia de produtores que também estão precisando de conforto? Ontem, na live da @agenciasibaris, o @rafa_bocaina falou lindamente que "não há meio de levar uma vida sustentável sem olhar pro seu vizinho". O momento, ao meu ver, pede isso. Um consumidor consciente, coletivo, que use ao máximo os ingredientes do seu entorno. Conforto não tem a ver com praticidade, conforto tem a ver com amor. Amor a si mesmo e amor ao próximo. É cientificamente provado: quem ajuda ao outro ajuda a si mesmo. Conforto é igual a empatia.

Hamburger enlatado, imagem do fotógrafo Scottie Cameron, para o Matters Journal.

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