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O sorvete já era apreciado na antiguidade. Aparentemente o primeiro sorvete foi criado na China em 200 a.C., feito com arroz, leite de búfala, cânfora e neve. O monarca chinês Tang (1675 a.C. -1646 a.C.) era tão fissurado pela mistura que, dizem, tinha mais de noventa homens para preparar o prato. Outro apreciador antigo das primeiras formas de sorvete foi o macedônio Alexandre o Grande (356 a.C. - 323 a.C) que era fã da mistura de neve com mel. O Imperador romano Nero também era apreciador da iguaria e enviava servos às montanhas para coletar neve e depois misturá-la com sucos e frutas.
No entanto, o sorvete mais próximo ao que conhecemos hoje foi trazido da China para a Itália pelo explorador Marco Polo, em uma receita a base de água. Com o tempo as técnicas foram sendo aperfeiçoadas e as misturas passaram a ser feitas com leite e outros ingredientes, tornando-se bastante popular na corte italiana. A sobremesa foi então levada para a França por Catarina de Médici que se casou com o rei Henrique II em 1533. Em 1600 a neta de Catarina de Médici casou-se com o Rei Carlos I da Inglaterra, que gostou tanto do “creme de gelo” (em inglês: Ice Cream) que pagou seu Chef para manter a receita em segredo, tornando o prato uma exclusividade das cortes.
Foi só no final do século XVII que o Café Procope, o restaurante mais antigo de Paris em funcionamento contínuo até hoje, começou a servir sorvete para o público geral, tornando-se o primeiro lugar a vender sorvete na história. Na época, ele era feito de leite, creme, manteiga e ovos.
Até o século XIX o sorvete era servido apenas em ocasiões especiais, pois não era possível armazená-lo por muito tempo pela falta de refrigeração. Em 1846 a americana Nancy Johnson inventou uma máquina que misturava os ingredientes com uma manivela e estes eram gelados com uma mistura de gelo com sal que ficava na parte de baixo da máquina.
Mas o sorvete só se tornou popular com a fábrica de leite americana Fussell, na Pensilvânia. O dono Jacob Fussell percebeu que desperdiçava muito leite e com este passou a produzir sorvete para vender. O produto foi tão bem aceito que a produção cresceu, o valor barateou e o sorvete finalmente passou a ser consumido por todas as classes sociais.
Com a revolução industrial novas possibilidades de refrigeração e preparo permitiram que a produção do sorvete se ampliasse. Na época, as bebidas com gás, como refrigerantes, surgiram, mas foram proibidas por alguns líderes religiosos de serem consumidas aos domingos. Para “driblar” essa proibição os donos de bares e lanchonetes começaram a servir os xaropes que iriam para as bebidas gasosas em cima de sorvetes. Foi assim que nasceu o que chamaram de Sunday (domingo em inglês): sorvete coberto por caldas variadas. Com o tempo, o nome foi alterado para Sundae, para não limitar o consumo do prato aos domingos.
As casquinhas também tem sua história. Reza a lenda, elas foram inventadas também por acaso na Feira Mundial de 1904. A história diz que um vendedor de sorvetes ficou sem copos de papelão na feira e usou waffles da barraca ao lado, que não estava vendendo tanto por conta do calor, como suporte dos sorvetes, enrolando-os em forma de cone.
Nos Estados Unidos o sorvete se popularizou tanto que passou a se tornar um símbolo nacional durante a segunda guerra mundial. As tropas americanas tomavam tanto sorvete que Mussolini proibiu a venda da sobremesa na Itália com medo de que o prato fosse associado a algum tipo de apologia americana .
No Brasil, o sorvete está entre as sobremesas mais consumidas do país, mas ela chegou aqui, no Rio de Janeiro, apenas em 1834 com um navio americano vindo de Boston. Com ele, 200 toneladas de gelo em blocos dedicado ao preparo do sorvete. Como naquela época não havia formas de conservar o sorvete depois de pronto, as sorveterias da época anunciavam a hora certa de tomá-lo.
Em 1941 o sorvete passou a ser distribuído em escala industrial no país pela U.S. Harkson do Brasil. Seu primeiro lançamento foi o Eski-bom, seguido do Chicabon em 1942. Dezoito anos depois a Harkson mudou de nome sendo conhecida até hoje como Kibon.
Em São Paulo, diversas casas servem deliciosos sorvetes artesanais:
Eleito o sorveteiro do ano pela Veja Comer e Beber 2018/2019, Thomas Zander e sua esposa Fernanda Bastos, criam sorvetes priorizando ingredientes naturais, orgânicos, sem estabilizantes, conservantes e aditivos. Frida e Mina, que além do melhor sorveteiro também foi eleito o melhor sorvete pela Veja, tem 30 e tantos sabores que se revezam na vitrine, 16 de cada vez. Entre os mais famosos, morango balsâmico e chocolate com cerveja e mel.
A Sorveteria do Centro, mais um empreendimento do casal Rueda, é comandado pela confeiteira Saiko Izawa (de quem já falei aqui). Lá, ela cria sorvetes inventivos com ingredientes frescos, sem corantes nem aromatizantes artificiais. A criatividade rola solta principalmente nos sorvetes compostos, como o de leite, bacon, chocolate e porcopoca ou o de jabuticaba com mochi, suspiro, chia e poejo.
A Pine Co. em Pinheiros segue a escola italiana, com sorvetes densos e cremosos. Os sorvetes variam diariamente, e lá encontramos sabores inusitados como pera com hibisco, coco com manjericão e ainda o Milk Cereal, uma mistura de baunilha com sucrilhos, inspirado na doceria americana Milk Bar, do chef David Chang e Christina Tosi.
A Davvero resgata a tradição familiar, é 100% artesanal e o sorvete é preparado diariamente com ingredientes frescos, como os sabores kiwi com banana e brownie com creme de avelã.
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