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Hemingway, caribe, comida para @cruatelie

Updated: Jun 28, 2022


PARTE I


Hemingway foi um bom vivant. Quando era criança comia, de esquilos que caçava, a trutas que pescava, artes que aprendeu com seu pai e, consequentemente, o fizeram gostar de todos os tipos de peixes e carnes. Além de esquilos, gostava de veados, gambás, guaxinins, faisões, patos, codornas, perdizes e pombas. “Quando eu era criança, só comia carne e peixe. Eles não conseguiam me fazer comer vegetais, não importa o quanto me chicoteassem”, disse Hemingway em uma entrevista em 1951.


Seu pai também o ensinou a fazer fogueiras e cozinhar em fogão a lenha. Em suas viagens, deixou diversos registros de suas comidas preferidas e dos restaurantes e cafés que frequentava. Consta que em Paris, Hemingway se fartou com ostras gordas Marennes-Oléron, goles de Sancerre gelado e queijos fedidos da Normandia. Em Madrid, comeu leitão assado acompanhado de (inúmeras) taças de vinhos de Rioja no restaurante Botín e à noite se esbaldava na Cervejaria Alemana, na Plaza de Santa Ana. Mas foi nos mares do Caribe que Hemingway encontrou o verdadeiro êxtase através do estômago.


Com o fim da guerra, o escritor descobriu a cidade de Key West, na Flórida, por acaso durante uma escala entre Paris e Arkansas. Não demorou muito para se mudar para a região onde Hemingway passou inúmeras tardes pescando a bordo de seu barco Pilar. Imortalizou peixes com suas histórias, como os marlins que deram origem a "O Velho e o Mar", uma aventura na qual narra a luta entre um pescador e um marlin gigante. Durante os anos em que morou na Flórida e depois em Cuba, entre os bares e restaurantes favoritos do escritor norte-americano, estavam o Sloppy Joe's, aberto oficialmente em 1933, no dia da abolição da lei seca, em Key West e o El Floridita, em Havana, local frequentado por Tennessee Williams e Jean-Paul Sartre, onde o escritor conheceu - e se apaixonou - pelo coquetel Daiquiri.


PARTE II


Hemingway chegou ao Caribe com um apetite latente por conhecer novos sabores, que eram muitas vezes preparados por amigos locais a bordo de seu barco, e por sua esposa Mary, uma verdadeira aventureira na cozinha.


A casa do casal, a Finca Vigía, a 10 km da capital cubana, foi residência de Hemingway até 1960. Nos seus jardins, cultivava um belo pomar, com abacates, mangas, peras e goiabas, além de vegetais como couves de bruxelas, acelga, brócolis e alcachofras. Local sempre agitado e repleto de convidados célebres, Mary recepcionava com um astral caribenho preparando jantares temáticos, com mesas fartas e extensas, que incluíam pratos mexicanos, chineses, indianos, italianos e cubanos.


No café da manhã, Hemingway gostava de omelete com trufas, bacon e chá preto - além de um bom bloody mary, claro. Em Havana, gostava de comer apenas peixes grelhados ou boas carnes de caça, com osso e muito mal passadas, servidas normalmente com molho, purê ou patacones - fatias de banana-da-terra verde fritas, prato típico da região.


Certa vez Hemingway escreveu para um amigo: “Eu faço o café da manhã e Mary faz o jantar. Ela cozinha muito bem! Aprendeu na Inglaterra cozinhando para o ex-marido que só gostava de uma costeleta seca e cozida demais e está se divertindo muito com essas comidas suculentas.” Além das festas que organizava, Mary preparava os jantares em Havana e se esmerava, em suas palavras, com "tortas cheias de maçãs, creme de limão, abóbora ou picadinho cheirando a conhaque, ou bolos em camadas, de preferência chocolate aninhado sob grossas camadas de glacê".


Outra sobremesa que não podia faltar na mesa de Mary e Ernst era sorvete de coco, que ela servia dentro da casca do coco verde.




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