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A história do Dim Sum chinês e o filme "Comer, beber, viver", de Ang Lee

Updated: Oct 2, 2018

tempo de leitura: 3 minutos.


A culinária é assunto para os chineses desde a antiguidade. A China tem uma das literaturas gastronômicas mais antigas do mundo, escrita por poetas, pensadores e filósofos, como Confúcio (551 a.C. - 479 a.C.) que escreveu diversos textos sobre o protocolo à mesa, criando regras de preparação e apresentação de diversos pratos.


Comer, beber, viver é um filme de 1994 do diretor taiwanês Ang Lee, que conta a historia da relação de uma família que vive na capital de Taiwan. O pai, é viúvo e chef do Taipei Grand Hotel. Suas três filhas estão cheias de problemas amorosos, questionamentos pessoais e planos para o futuro. O jantar de domingo é o centro das questões discutidas por eles e a comida representa um papel central e simbólico nas relações entre os personagens.

Still do filme "Comer, Beber, Viver" (1994)

A abertura - tão elaborada que demorou mais de uma semana para ser filmada - mostra a preparação de uma variedade incrível de pratos chineses, de passar mal de vontade: carpa frita, costela, pernas de sapo, broto de bambu, pato de Pequim, e diversos tipos de dim sums – pequeno pastel recheado, salgado ou doce, preparado frito, grelhado ou no vapor.


Mais de cem pratos taiwaneses aparecem no longa, todos preparados com requinte pela consultora de alimentos Lin Huei-Yi, que também treinou os atores na preparação, através de coreografias que remetiam os movimentos dos chefs tradicionais.

Cena inicial do filme "Comer, Beber, Viver" (1994)


Os dim sums, segundo Vicki Liley, autora do livro Dim Sum – The Essential Kitchen , foram criados por um chef de cozinha chinês a mando de um Imperador que estava curioso para conhecer os sabores de todo seu Império. Cada pastelzinho era elaborado com uma massa super fina e translúcida que envolvia recheios dos mais diferentes produtos locais, apresentados pelo chef como uma degustação.

Diversos tipos de Dim Sum
Diversos tipos de Dim Sum

O petisco passou então a ser servido em casas de chás para trabalhadores rurais e viajantes da antiga Rota da Seda que buscavam um lugar para descansar. Este costume ficou conhecido no período do Imperador Xianfeng (1850–1861) como Yum Chá: chás e porções de dim sum compartilhados entre amigos e família, como um mix de café da manhã e almoço. Alguns historiadores acreditam que esta foi uma inspiração para o surgimento do brunch, palavra que apareceu pela primeira vez impressa em um artigo da Hunter's Weekly de 1895, na Inglaterra.

Detalhe da pintura de um Banquete de Chá no Festival de Qingming. Dinastia Tang 618-907
Detalhe da pintura de um Banquete de Chá no Festival de Qingming. Dinastia Tang 618-907

Os dim sums com o tempo também se tornaram uma tradição do ano novo chinês. Assim como em alguns outros países do mundo, na China certos alimentos têm significados e trazem sorte se você os come na hora da virada. Peixes prometem prosperidade, noodles longevidade, tangyuan (bolinhos doces de arroz) trazem união familiar. O dim sum é famoso por representar riqueza (devido ao seu formato de barra de ouro chinesa) e reza a lenda que quanto mais você come mais rico fica.

Dim Sums de ano novo e as barras de ouro chinesas


No Japão os dim sums são conhecidos por Shumai, o que engloba o guioza e rolinhos-primavera. Nos Estados Unidos e na Europa são chamados de dumplings.


Em São Paulo, para comer um bom dim sum sempre vou no ChaYê, restaurante e loja de chás chineses em Pinheiros, que oferece uma vez por semana, os mais diversos tipos do prato no seu Dim Sum Lab.

Wontons de abóbora kabochá em molho picante | Foto: Instagram @chayebr

Har Gow de camarão e edamame
Har Gow de camarão e edamame | Foto: Instagram @chayebr

Dim Sum Lab
Dim Sum Lab | Foto: Instagram @chayebr

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