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Writer's pictureKatherina Cordás

Comer junto: a melhor recomendação médica medieval (e contemporânea também)

A Eurasia no século XIV, foi tomada pela bactéria Yersina Pestis, que causou uma das piores pandemias da história - a Peste Negra. Médicos da época tinham diversas teorias para as causas da doença: de castigo divino e movimento dos planetas, a excessivos maus odores medievais ou ao uso de sapatos pontudos (vai saber).

Foto: Ilustração medieval da preparação de um remédio.


Está claro que a medicina medieval era um tanto precária e se baseava muitas vezes em uma teoria desenvolvida na Grécia Antiga, que acreditava que o corpo deveria estar em equilíbrio entre os chamados quatro humores: sangue, fleuma, bílis amarela e negra. A maior causa deste desequilíbrio estava relacionada à alimentação e, consequentemente, muitos alimentos eram usados para tentar curar este mal.

Foto: Ilustração de um dentista em ação, Inglaterra, 1360–1375.


Um dos métodos mais populares consistia em esfregar no corpo cebola, ervas, carne de pombo ou até mesmo pedaços de cobra. Outro remédio bastante usado era o vinagre, como uma forma de balancear o corpo - o que de fato faz algum sentido, mas, claro, não é suficiente para curar uma epidemia… está mais para manter uma boa digestão. Menta era usada para resfriar o corpo, mostarda e maçã para esquentar e raiz forte para suar a doença. Melaço era um hit, principalmente quando fermentado, cheio de bolores e leveduras, tornando o poder de cura mais efetivo. Laxantes também eram indicados, feitos de ruibarbo, rosas, azedinha, endívia e beldroega, que muitas vezes levavam a pessoa a falecer pela desidratação, em vez de pela peste (água limpa também era um problema...).

Foto: Ilustração do século XIII de um médico analisando a urina de um paciente.


Muitas poções prometiam a cura imediata, feitas com malva, sálvia, perna de sapo, ou até mesmo chifre de unicórnio (pois é). Eram comuns também as prescrições de pílulas de metais como mercúrio e níquel, além de indicações nada modestas de pedras preciosas moídas, como diamantes e esmeraldas.

Foto: Médico tirando sangue de um paciente. França, final do século XIII.


Porém, a melhor dessas recomendações médicas que encontrei foi "comer junto". Para eles compartilhar uma refeição evitava a melancolia, grande mal desse momento de trevas e, para mim, a receita mais sábia dos médicos medievais. Em tempos de corona, um convite: vamos comer juntos virtualmente? (Ah, mais uma coisa - viva à ciência e nossos profissionais da saúde! O que seria de nós sem eles e seu conhecimento 💙)

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