top of page

Cachaça: sua história e efeitos


Participei outro dia de uma harmonização com cachaça, o que resultou em nenhuma memória da comida e uma saída bastante espirituosa, dessas que deixam a gente animada até chegar em casa e dormir como se não houvesse amanhã. Cachaça, para mim, tem desses efeitos: passo das risadas ao papo cabeça, seguido de comentários constrangedores, finalizando com um corpo derrotado na horizontal, mergulhado em um travesseiro que desperta molhado em baba com aroma de alambique.


Cachaça era definitivamente mais sexy aos 20. Sentava nos extintos botecos da Cardeal Arcoverde (qm lembra do Seu Zé, Azul, Real), hoje tomados por enormes prédios modernosos, e pedia uma serramalte e cachaça envelhecida - a receita da diversão dos anos 2000 para uma garota de escola construtivista. Mesa de plástico, cerveja trincando, goles de cachaça e batatas bolinha em vinagre. A cerveja descia borbulhante pela garganta abrindo espaço para a cachaça que, contrastante, chegava à boca atiçando as papilas e desentupindo as narinas, cremosa, queimando.


A cachaça tem importância social, cultural e econômica no país. Existem cerca de 1,5mil produtores de cachaça registrados no Brasil, fabricando mais de 1bi de litros por ano*.


Orgulho nacional, a produção da marvada já existia em ilhas colonizadas por portugueses no Atlântico, onde cultivava-se açúcar desde o sécXV, passando a destilar a bebida com a adoção de alambiques pouco tempo depois. Sua produção no Brasil iniciou-se com a chegada dos portugueses que trouxeram as 1as mudas de cana no sécXVI. Em pouco tempo o país se tornou o maior produtor de açúcar do mundo e, a produção da bebida, uma alternativa barata para quem não tinha dinheiro para a compra de equipamentos sofisticados necessários para a produção açucareira.


Segundo Câmara Cascudo, a 1a caninha do Brasil foi destilada em 1532 em S. Vicente, seguida por uma importante multiplicação de alambiques por todo país. Água-que-passarinho-não-bebe, fez tanto sucesso que em 1649 a coroa portuguesa proibiu sua comercialização, em função da queda nas vendas de vinho. Com isso, ela acabou se tornando um símbolo anticolonialismo, virando, inclusive, a bebida oficial dos Inconfidentes e da Sem de 22.











bottom of page