"Alho, pimenta, cebola, azeite pra refogar e alecrim, [com isso] o que tiver nóis da jeito" a frase da ascenção de Raimundo Nonato, personagem de Estômago, drama brasileiro que tá mais pra comédia negra. A quarentena nos dá a oportunidade de rever clássicos que, com a correria do dia-a-dia, ficariam pra amanhã. E foi assim que reassisti este filme de 2007 do diretor Marcos Jorge, baseado no conto "Presos pelo Estômago", do livro "Pólvora, Gorgonzola e Alecrim", de Lusa Silvestre. O filme traz a comida como poder, como sensualidade, como escalada: uma forma de chegar a melhores caminhos, posições, conquistas, estilo de vida. Uma história tipicamente brasileira, da busca de uma vida melhor, com a atmosfera excêntrica das sátiras italianas dos anos 70. A prostituta glutona, o patrão eticamente questionável, o personagem principal antagônico, que se transforma radicalmente ao longo da trama - da simplicidade à sofisticação de cadeia. O filme mostra como a comida e seu entendimento, ou a mão certa para um bom tempero, "nada que um alecrim não resolva", transforma a vida de um homem, fazendo-o crescer, arrumar romances, ganhar respeito. Como o entendimento da boa mesa e o poder de uma refeição constroem um lugar ao sol deste anti-herói.
🎬 Filme: Estômago
Diretor: Marcos Jorge
Ano: 2007
País: Brasil / Itália
Elenco: João Miguel, Fabiula Nascimento e Babu Santana
Produção: Zencrane Filmes
Distribuição: Downtown Filmes
Gênero: Drama
Assista: Telecine Play
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