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A história do Tutu de Feijão

Tiradentes, herói nacional morto no dia de hoje, há 228 anos, foi dentista, minerador, comerciante, alferes e tropeiro. E foi como tropeiro que começou a se aproximar de ideias contra o domínio português que o levaram a ser o maior representante da Inconfidência Mineira. Como todo bom mineiro, é provável que Tiradentes desfrutasse, em suas andanças, de um bom Tutu de Feijão: O botânico Saint-Hilaire, durante sua viagem por Minas Gerais em 1816, registrou a alimentação dos tropeiros baseada em feijão preto cozido com toucinho e, depois de pronto, misturado com farinha, ganhando nomes como feijão-tropeiro, virado de feijão ou tutu - receitas que se diferenciaram apenas no século XX. Algumas das muitas espécies de feijão em nosso país tem origem pré-colonial, provenientes do México a Amazônia, e que foram somadas a espécies de origem africanas e europeias, variando entre tamanhos e cores. Registros do século XIX especificam o feijão preto como mineiro e o feijão mulatinho como o consumido em terras paulistanas. No século anterior, o feijão custava seis vezes menos que o arroz, o que fez o grão se tornar bastante popular e de enorme importância cultural. Muitos autores consideram o Tutu de Feijão o mais mineiro dos pratos. A receita já foi tema de música, como "Carne Seca com Tutu", de Luiz Gonzaga, ou de poemas como "A Mesa", de Carlos Drummond de Andrade que fala: "(...)Ai, grande jantar mineiro que seria esse... Comíamos, e comer abria fome, e comida era pretexto. (...) Nunca desdenhe o tutu. Vá lá mais um torresminho(...)". Mas nenhum poeta saudou tanto o Tutu quanto o mineiro Belmiro Braga (1872-1937): "Na minha qualidade de mineiro, E acostumado às coisas do meu lar, três meses andei pelo estrangeiro, Vendo muita relíquia…e a jejuar. Dormia como um santo, mas à mesa, Quantas vezes senti, num calafrio, O coração bater-me com tristeza… E o estômago bater-me de vazio… Mas um dia, na Bélgica, ditoso, Pousei na casa de um patrício amigo: Que refeição e que café cheiroso, Tive eu naquele abençoado abrigo! Que almoço e que jantar! E a pena leve, se emperra e as pautas do papel arranha. E a pena tem razão… ninguém descreve, Um tutu de feijão em terra estranha!".



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