As figueiras testemunharam a história da humanidade: Adão e Eva após desobedecerem as palavras de Deus cobriram a nudez com folhas de figo. O príncipe hindu Sidarta Gautama sentou sob a árvore Ficus religiosa, ou figueira-dos-pagodes, por sete dias em meditação plena, atingindo a iluminação e tornando-se Buda. Alexandre, o Grande e seus soldados, quando chegaram à Índia, em 326 a.C., buscaram descanso sob a sombra de figueiras-de-bengala. Existem mais de 750 tipos de figueiras no mundo e, certamente, elas foram as espécies de árvores que mais presenciaram o desenvolvimento da história humana. Dizem que os Faraós do Egito Antigo levaram figos secos para seus túmulos para sustentar suas almas em seu caminho após a morte. Eles acreditavam que a deusa Hathor emergiria de uma figueira (Ficus sycomorus) para recebê-los no céu. Figo era também um dos pilares da agricultura egípcia: fazendeiros, inclusive, treinavam macacos para subir em árvores e colher seus frutos. O rei sumério Urukagina escreveu textos sobre as Figueiras-comuns - as que dão os frutos que comemos hoje - há quase 5.000 anos. O rei Nabucodonosor II mandou plantá-las nos jardins suspensos da Babilônia. O rei Salomão de Israel as elogiou em seus cânticos. Na Grécia Antiga consumia-se figos aos montes e no Império Romano dizia-se que os frutos das figueiras eram enviados do céu: "Os figos são restauradores", escreveu o filósofo romano do século I, Plínio, o Velho, "e a melhor comida que pode ser ingerida por aqueles que sofrem de longa doença." O poder curativo dos figos também aparece na Bíblia, quando Ezequias, rei de Judá, "doente até a morte" com furúnculos, se recuperou quando seus servos aplicaram uma pasta de figos em sua pele. Um texto publicado pela BBC diz que, inclusive, os efeitos medicinais da figueira podem ter sido usados anteriormente a nossa espécie: pesquisadores de Uganda observaram que os chimpanzés se automedicam com cascas e folhas das figueiras, que são eficazes contra bactérias, parasitas e tumores - o que pode sugerir que nossos ancestrais primatas, cuja linhagem se distinguiu da dos chipanzés, também o faziam.
📸 Foto: Pepi de Boissieu @pepideboissieu
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