Nem mesmo os papas escapam à Gula: "O prazer de comer serve para manter uma boa saúde, da mesma forma que o prazer sexual serve para embelezar o amor", disse o Papa Francisco em uma entrevista para o novo livro do italiano Carlo Petrini, criador do movimento "Slow Food".
Comer no Vaticano é assunto polêmico que varia de papa para papa. Alguns, comeram como reis, outros condenaram a gula, e fizeram da fome uma penitência ou forma de contato com a espiritualidade. Mas o Vaticano sempre contou com uma cozinha de riquíssimos banquetes, mantendo assim o devido luxo e status da alta sociedade à qual sempre pertenceu. O cristianismo trouxe consigo a liberdade na alimentação em comparação às restrições judaicas. Com isso, pregavam que "todos eram iguais e que todos os alimentos eram bons para os homens", portanto, comiam como seus contemporâneos, visto que não existia uma corte papal até o século VI.
A cozinha do Vaticano na Idade Média evoluiu aos poucos da penitência à ostentação, com banquetes de cunho político. Receitas de diversos lugares da Europa uniam sabores das origens do papa, dos cardeais e dos visitantes constantes. Dizem que em um banquete oferecido pelo Papa Gelásio II (1119-1124) foi servido uma ovelha, assada inteira, de cujo ventre saíram pássaros vivos voando pela sala.
O renascimento foi o auge da boa mesa papal, quando o representante da Igreja exercia papel de rei e os cardeais de uma boa e farta corte. A cozinha se tornou mais sofisticada: menos pratos agridoces medievais, menos especiarias, e surgiam novas técnicas inovadoras de preparo, como, por exemplo, o banho maria.
Pós revolução francesa, a Igreja se abriu para o mundo moderno e, consequentemente, a alimentação papal também. Menos opulência em uma cozinha internacional, que misturava doces ingleses, saladas espanholas, pratos franceses e gelatos italianos feitos com frutas tropicais.
Mas o paladar de cada Papa sempre influenciou o menu: Pio XI gostava de gorgonzola, Paulo VI era fã de antepastos, João Paulo II só queria massas e pizzas, Bento XVI, filho de uma cozinheira, é ƒã de sorvete e o Papa Francisco, claro, não deixa faltar doce de leite em suas sobremesas.
Comentarios